- Anatomia Cardíaca: Exame e Terminologia
Doenças do Coração na Criança e no Adolescente - Capítulo 02 - Anatomia Cardíaca: Exame e Terminologia
Exame das Estruturas Cardíacas
Uma compreensão básica sobre a anatomia cardíaca forma a base do diagnóstico da cardiologia pediátrica. É também um pré-requisito para a interpretação adequada das imagens produzidas pelas radiografias, angiografias, ecocardiografias ou ressonância magnética. Neste capítulo, a anatomia cardíaca é apresentada de maneira segmentar, com ênfase na comparação entre as estruturas análogas das partes direita e esquerda do coração. Apesar de a terminologia anatômica-padrão ser utilizada, os anglicismos são privilegiados, sendo os termos comuns em latim colocados entre parênteses, em seguida ao termo anatômico, como, por exemplo, crista terminal (crista terminalis).
Mediastino
Características Gerais
Mantendo as origens embrionárias como estruturas da linha média, o coração e os vasos da base ocupam a porção média do tórax no interior do mediastino. Os limites anatômicos do mediastino são os seguintes:- anteriormente, o esterno e as costelas adjacentes;- posteriormente, a coluna vertebral e as costelas adjacentes;- lateralmente, a porção média das pleuras parietais (pleurae);- superiormente, o plano da primeira costela;- inferiormente, o diafragma.O mediastino, por sua vez, é dividido em quatro regiões

Posição Cardíaca
In Situ
No interior do mediastino, o ápex cardíaco está normalmente direcionado para a esquerda, anteriormente e inferiormente (levocardia). Em recém-nascidos, a direção apical é mais horizontal do que nas crianças e adultos.
Pericárdio
Características Gerais
O pericárdio tem diversas funções:- recobre o coração;- o pericárdio parietal circunda o coração, tal como um balão repleto de fluido recobre um punho pressionado contra ele;- o pericárdio parietal limita as dimensões diastólicas do coração.Entre as duas camadas do pericárdio, no interior do saco pericárdico, o líquido pericárdico seroso (até 20 ml em adultos) lubrifica o coração e permite seus movimentos relativamente livres de atrito no interior do tórax.
Pericárdio Parietal
Este saco forte, flask-shaped, circunda o coração e fixa-se aos vasos da base, de tal modo que as seguintes estruturas são de localização intrapericárdica:- aorta ascendente;- tronco da artéria pulmonar;- dois a 4 cm finais da veia cava inferior, na sua junção com o átrio direito;- pequenos segmentos das veias pulmonares;- veia cava inferior intratorácica.ElasticidadeCom uma quantidade mínima de tecido elástico, o pericárdio fibroso não pode-se distender muito. Por conseguinte, a acumulação rápida de apenas 200 ml de líquido pericárdico em adultos geralmente produz características hemodinâmicas de tamponamento cardíaco. Na situação de aumento crônico do coração, entretanto, como acontece no crescimento normal do corpo, ou nas situações de dilatação cardíaca, o pericárdio parietal é estirado e cresce, acomodando o aumento do volume cardíaco.
Pericárdio Visceral (Epicárdio)
Esta cobertura do coração e porções intrapericárdicas dos grandes vasos consiste em uma camada delicada de celas mesoteliais e o tecido gorduroso subjacente, os vasos coronários e os nervos, ao longo da superfície do coração
.- Tecido gorduroso tende a se acumular dentro dos sulcos (sulci) atrioventricular, interventricular e interatrial, assim como ao longo da margem aguda do ventrículo direito e dos ramos coronários.
- Porções proeminentes de tecido gorduroso recobrem as origens das artérias coronárias, entre a aorta e os apêndices atriais
.- Com o aumento da idade, a gordura epicárdica aumenta de quantidade e pode infiltrar o septo interatrial.
Topografia Externa
Características Gerais
- O sulco atrioventricular (sulcus) define o plano da base do coração que contém as quatro válvulas cardíacas.
- Os sulcos interventriculares anteriores e inferiores indicam o plano do septo interventricular.- Os dois ventrículos são semelhantes em tamanho
.- Os dois átrios são apreciavelmente menores que os ventrículos.- As artérias coronárias direita e circunflexa caminham ao longo da superfície do coração, nos sulcos atrioventriculares direito e esquerdo, respectivamente.
- As artérias coronárias descendente anterior e descendente posterior percorrem os sulcos interventricular anterior e interventricular inferior, respectivamente.
Características da Base
-ÁpiceEixo Ventricular
Os ventrículos são aproximadamente cônicos e têm uma base e um ápice. A direção da base-ápice (ou eixo) para ambos os ventrículos é desviada para a esquerda, anterior e inferior, e as duas direções são aproximadamente paralelas.
Ápice Verdadeiro
Como o comprimento da base-ápice esquerda é normalmente maior que o da direita, o ápice ventricular esquerdo geralmente caracteriza o ápice verdadeiro do coração. Os ventrículos direitos podem formar o ápice cardíaco, quando o ventrículo esquerdo é hipoplásico, ou quando o ventrículo direito se encontra dilatado. Raramente, um ápice bífido resulta, quando a goteira interventricular é apicalmente profunda
.Ponto de Impulso Máximo
O ápice cardíaco normalmente é localizado ao longo da linha hemiclavicular esquerda, no quarto ou quinto espaço intercostal. Clinicamente, o ponto de impulso máximo normalmente corresponde à região anterosseptal do ventrículo esquerdo, em lugar do verdadeiro ápice cardíaco.
Posições das Câmaras e dos Grandes Vasos
A interpretação adequada das imagens cardíacas requer um conhecimento de qual é o tamanho normal e a forma das câmaras cardíacas e dos grandes vasos, bem como a sua relativa posição tridimensional

- O átrio direito é uma câmara lateral direita.- O átrio esquerdo repousa na linha média, posteriormente.- O ventrículo direito é uma câmara anterior direita.
- O ventrículo esquerdo é uma estrutura posterior esquerda.
- Os átrios são localizados em posição ligeiramente superior em relação aos ventrículos.
- A aorta surge posteriormente, inferiormente e à direita do tronco pulmonar.
Em pacientes com cardiopatias congênitas, os tamanhos relativos e as posições das câmaras cardíacas e dos grandes vasos podem variar consideravelmente em relação ao padrão normal.
Grandes Veias
Veias Sistêmicas
A jugular interna e as veias subclávias fundem-se para formar as veias braquiocefálicas (ou veias inominadas) bilateralmente

Veia Cava Superior
Ambas as veias braquiocefálicas fundem-se para formar a veia cava superior (vena cava), que se situa anteriormente ao ramo direito da artéria pulmonar e de encontro à parede póstero-lateral da aorta ascendente. A veia ázigos arqueia em cima do brônquio direito e esvazia-se posteriormente na veia cava superior
.Como uma estrutura lateral direita, ela contribui para formar a borda superior direita da silhueta cardíaca radiológica na projeção frontal. Aproximadamente um terço à metade de seu comprimento é intrapericárdico, à medida que se aproxima do átrio direito.
Veia Cava Inferior
A porção supra-hepática deste vaso, que só tem alguns centímetros de comprimento, une-se à superfície inferior do átrio direito, logo depois de atravessar o diafragma. O óstio desta veia é guardado por uma ponta diminuta de tecido em formato de crescente, a válvula de Eustáquio.A veia cava inferior (vena cava) recebe drenagem venosa sistêmica dos membros inferiores, vísceras retroperitoneais e circulação portal (veja a Fig. 2.3). Como as veias do sistema digestivo abdominal drenam através do fígado, substâncias ingeridas são metabolizadas, antes de ter acesso ao resto do corpo.
Plexo Venoso Vertebral
O plexo venoso vertebral não se une à veia cava inferior diretamente. Em vez disso, drena para as veias intracranianas, intercostais, lombares, sacrais laterais, como também para o sistema portal pelo plexo venoso retal. Assim, infecções ou metástases tumorais podem-se difundir para os corpos vertebrais ou para o sistema nervoso central por esta cadeia vascular.
Seio Coronário
O seio coronário percorre o sulco atrioventricular esquerdo. Recebe a grande veia cardíaca, como também as veias posterior, média e as veias cardíacas pequenas, drenando no átrio direito próximo ao septo interatrial e ao orifício da veia cava inferior.
Óstio e Valva de Tebésio
O óstio do seio coronário é circundado por um tecido com características valvulares, em forma crescente, a válvula de Tebésio. Quando grande e extensivamente fenestrada, esta válvula é conhecida como rede de Chiari. Uma comissura existe entre a válvula de Tebésio (do seio coronário) e a válvula de Eustáquio (da veia cava inferior).
Raramente, pode ocorrer que um seio coronário sem cobertura drene diretamente no átrio esquerdo, ou que o óstio do seio coronário seja atrésico.
Veias Pulmonares
Veias pulmonares superiores e inferiores de cada pulmão unem-se na porção póstero-lateral do átrio esquerdo.
Curso
As veias pulmonares inferiores direita e esquerda cursam ao longo do aspecto inferior do brônquio principal correspondente. Em contraste, as duas veias superiores cursam anteriormente ao brônquio respectivo e, ao nível do hilo pulmonar, colocam-se anteriormente à artéria pulmonar intermediária direita e ao ramo esquerdo da artéria pulmonar. Átrios (Quadro 2.1)
Características Gerais
Os átrios direitos e esquerdos são câmaras de recepção para o sangue que volta dos sistemas venosos sistêmicos e pulmonares, respectivamente.
Átrio Direito
Esta câmara póstero-lateral direita, junto com as veias cavas (venae cavae), forma a borda lateral direita da silhueta cardíaca no estudo radiológico frontal. O átrio direito tem as seguintes funções:- recebe sangue das duas veias cavas, seio coronário e numerosas pequenas veias de Tebésio;- ejeta sangue pela válvula tricúspide e para o ventrículo direito;- estruturalmente, consiste em parede livre e componentes do septo interatrial.
Parede Livre do Átrio Direito
Interiormente, a parede livre do átrio direito tem uma região posterior lisa e uma região anterior mais muscular (Fig. 2.4).
- A porção posterior recebe as duas veias cavas e tem uma aparência semelhante à de uma veia, de acordo com sua origem embriológica a partir do seio venoso (sinus venosus).
- A porção anterior exibe uma parede muscular e um apêndice atrial de forma piramidal grande, que se mantém em contato com a aorta ascendente e recobre a porção proximal da artéria coronária direita.
- A crista terminal (crista terminalis), uma proeminência em formato de C de tecido muscular, separa as duas regiões e forma uma das áreas para condução internodal.
Numerosos músculos pectíneos surgem da crista terminal e cruzam como protuberâncias paralelas ao longo da parede anterior da parede livre. A crista terminal e os músculos pectíneos (pectinatus é a palavra latina para “pente”) podem ser comparados à armação e dentes de um pente, respectivamente. Um arranjo irregular dos músculos pectíneos também é encontrado dentro do apêndice atrial. Como resultado, um eletrodo de marcapasso atrial prontamente se aloja neste local no momento do implante.
Septo Atrial
Quando visto de uma perspectiva lateral direita, o septo tem um componente interatrial (entre os átrios direito e esquerdo) e um componente atrioventricular (entre o átrio direito e o ventrículo esquerdo). A porção interatrial é relativamente pequena, e sua característica mais proeminente é a fossa oval (fossa ovalis).
Fossa Oval: Consiste no limbo (limbus) e uma válvula. O limbo é um anel muscular em formato de ferradura que forma uma via para a condução internodal. A válvula da fossa oval consiste em um folheto central de tecido delgado e fibroso

Forame Oval: Constitui uma comunicação potencial entre os dois átrios.- Localiza-se entre a porção ântero-superior do limbo e a válvula da fossa oval, e, a seguir, através de uma perfuração valvular natural, o segundo óstio (ostio secundum), comunicando-se com o átrio esquerdo (veja a Fig. 2.4)
.- Embora patente ao longo da vida fetal, ele se fecha funcionalmente logo após o nascimento, à medida que a pressão atrial esquerda começa a exceder a pressão do átrio direito, sendo a válvula da fossa oval pressionada de encontro ao limbo.
Patência: Em cerca de dois terços dos indivíduos, o forame oval se fecha permanentemente durante o primeiro ano de vida, na medida em que o tecido fibroso sela a válvula ao limbo da fossa oval. Assim, em cerca de um terço dos infantes, crianças e adolescentes, esta válvula só fecha quando a pressão no átrio esquerdo excede a pressão do átrio direito. Durante a manobra de Valsalva, por exemplo, um pequeno shunt direito-esquerdo pode ser descoberto ecocardiograficamente em pessoas com um forame oval patente.
Defeitos Septais: Na dilatação atrial pronunciada, o septo interatrial pode-se estirar a tal extensão que o limbo já não cubra o segundo óstio, resultando em um forame oval patente por incompetência valvular — trata-se de um defeito do septo interatrial adquirido.Em contraste, as fenestrações da válvula são a causa mais comum dos defeitos dos septos atriais congênitos. Tecido de válvula excessivo pode-se ondular durante o ciclo cardíaco e formar um aneurisma da fossa oval.Septo Atrioventricular: Como o anel da válvula tricúspide se prende à parte mais inferior do septo (mais apical) do que o anel mitral, miocárdio septal é interposto entre o átrio direito e o ventrículo esquerdo. Esta interposição constitui o septo atrioventricular (veja a Fig. 2.4).
Papel na Condução: O septo atrioventricular corresponde ao triângulo de Koch, um importante marco anatômico cirúrgico, porque contém o nodo atrioventricular e a porção proximal (penetrante) do feixe atrioventricular (His).
Protuberância Aórtica: Uma porção mediana da parede livre repousa de encontro ao seio aórtico direito, que se protrunde um pouco na cavidade atrial como a protuberância aórtica (torus aorticus). É limitado pelas seguintes estruturas:- limbo da fossa oval;- óstio do apêndice atrial;- anel tricúspide;- septo atrioventricular.
Fluxo Atrial: Devido à hemodinâmica do fluxo sangüíneo no interior do átrio direito na vida intra-uterina, sangue com baixo teor de oxigênio da veia cava superior é direcionado ao orifício da valva tricúspide, onde um sangue bem-oxigenado, proveniente da placenta, chega ao coração pela veia cava inferior, dirigido pela válvula de Eustáquio através do forame oval até o átrio esquerdo. Por conseguinte, a maior parte do sangue oxigenado na circulação fetal segue, pelo lado esquerdo do coração, para as artérias coronárias, extremidades superiores e o sistema nervoso central, que se encontra em rápido desenvolvimento. Ao longo da vida após o nascimento, esta orientação das veias cavas é mantida.
Átrio Esquerdo
O corpo desta câmara póstero-superior, que se situa na linha média devido à sua localização posterior, não contribui para as margens da silhueta cardíaca na radiologia frontal. O apêndice atrial esquerdo, porém, quando aumenta, pode produzir uma protuberância ao longo da borda cardíaca esquerda, entre o ventrículo esquerdo e a artéria pulmonar. O átrio esquerdo tem as seguinte funções:- recebe o sangue pulmonar;- expele este sangue através da válvula mitral em direção ao ventrículo esquerdo;- consiste em uma parede livre e num septo.Estruturas contíguas afetam e são afetadas por este átrio.- Interpostos entre o átrio esquerdo e os corpos vertebrais, encontram-se, à direita, o esôfago e a aorta torácica descendente à esquerda.- A bifurcação da artéria pulmonar e o brônquio principal esquerdo cursam ao longo de sua porção superior.- Os seios aórticos esquerdo e posterior podem fazer recuar a parede atrial como a protuberância aórtica (torus aorticus).Na ocorrência de dilatação atrial esquerda, a radiografia mostra o seguinte:- o brônquio esquerdo é empurrado para cima;- o esôfago é deslocado para a direita.
Parede Livre do Átrio Esquerdo
A parede livre inclui um corpo em forma de cúpula, que recebe as veias pulmonares, e um apêndice atrial (com formato de um dedo). As duas regiões são externamente separadas pela veia coronária atrial esquerda e pelo ligamento de Marshall, e internamente pelo óstio do apêndice atrial. Por fora do apêndice atrial, o corpo do átrio esquerdo não contém nenhum músculo pectíneo, e não há nenhuma crista terminal.
Septo Interatrial
Quando visto da esquerda, o septo é completamente interatrial. Ao longo de sua borda ântero-superior, a válvula da fossa oval contém uma ou mais fenestrações e constitui a contrapartida embriológica do segundo óstio. Se uma sonda passada através das fenestrações entra no átrio direito, o forame oval é considerado patente. Nem o limbo da fossa oval nem o septo e atrioventricular são visíveis do átrio esquerdo. Várias pequenas veias de Tebésio drenam diretamente na cavidade atrial esquerda, particularmente ao longo do septo interatrial.Válvulas AtrioventricularesCaracterísticas GeraisAs válvulas atrioventriculares mantêm um fluxo unidirecional de sangue e eletricamente separam os átrios e os ventrículos. Cada válvula tem cinco componentes:- o aparelho valvular inclui o anel, folhetos e comissuras;- o aparelho inclui as cordas tendíneas (chordae tendineae) e os músculos papilares.AnelO anel de cada válvula, em forma de sela, é uma estrutura pouco definida de tecido fibroso, do qual surgem os folhetos. Embora o anel mitral seja um anel contínuo de colágeno, o anel tricúspide apresenta tecido conjuntivo frouxo em pontos de descontinuidade anular. Por conseguinte, quando ocorre a dilatação ventricular, surge mais rapidamente a dilatação anular da válvula tricúspide do que a dilatação anular da válvula mitral.Folhetos (Cúspides)Visualmente, estas estruturas constituem folhetos delicados de tecido fibroso.- Inserções de cordas tendíneas diretamente ao longo das extremidades das cúspides conferem aos bordos livres dos folhetos uma aparência denteada.- As cordas tendíneas também se inserem ao longo da porção ventricular de cada folheto (o denominado “bolso” da válvula), apoiando, assim, o folheto durante a sístole ventricular.- No aspecto atrial, a extremidade final aparece como uma junção doente bem-definida entre o corpo, mais delgado (ou zona clara), e a região de contato, mais espessa (ou zona áspera) do folheto.A abertura rápida e o fechamento da válvula são possíveis, porque os folhetos se mostram delgados e complacentes, e apenas são fixos ao anel e aos músculos papilares.- Durante o fechamento, folhetos que se opõem contactam um ao outro ao longo das superfícies entre as bordas livre e de fechamento


Anel
O anel de cada válvula semilunar tem o formato de uma coroa, cujos três pontos atingem o nível da junção sinotubular e demarcam as comissuras. Uma comissura, por sua vez, constitui o local no qual duas cúspides se encontram ao longo do anel.CúspidesEstas estruturas em forma de meia-lua (semilunar) são pontas parecidas com bolsas de tecido fibroso delicado. As características principais são:- A extremidade principal de cada cúspide é sua extremidade livre.- A extremidade de fechamento é uma pequena elevação ao longo da superfície ventricular da cúspide

- O nódulo de Arantius é flanqueado por duas áreas em crescendo (lúnulas) que constituem as superfícies de contato entre as cúspides adjacentes durante o fechamento da válvula.
- A superfície arterial de cada cúspide, junto com seu seio arterial, forma o “bolso” da válvula.
Movimento da Válvula
Como as válvulas atrioventriculares, histologicamente as válvulas semilunares consistem em camadas fibrosa (fibrosa) e esponjosa (spongiosa). As cúspides contêm pouco tecido elástico e apresentam pequeno recuo elástico. Como estruturas móveis passivas, elas não têm memória de formato e nenhuma tendência para assumir uma posição aberta ou fechada.Durante a contração ventricular isovolumétrica, a expansão da raiz arterial pode produzir a separação das comissuras, sendo, assim, iniciada abertura valvular.- Durante a sístole ventricular, as cúspides “ondulam” em direção ao seio arterial.- No decorrer da diástole ventricular, as cúspides movem-se de volta ao centro do lúmen arterial, à medida que o fluxo de sangue retrógrado enche cada “bolso” da válvula.
Válvula Pulmonar
As características principais desta válvula semilunar são as seguintes:- fica mais próxima à parede do tórax, perto da borda esternal esquerda superior;- seu orifício é dirigido em direção ao ombro esquerdo;- aparece parcialmente submersa dentro de uma cratera de músculo infundibular, uma vez que o miocárdio ventricular direito estende-se em direção aos seios pulmonares;- o membro ântero-superior da banda septal estende-se sobre o seio pulmonar esquerdo;- as trabeculações paralelas à banda parietal inserem-se no seio pulmonar direito;- as extensões trabeculares sobre o seio anterior são menos proeminentes.
Válvula Aórtica
O anel desta válvula semilunar é uma estrutura da linha média, e seu orifício dirige-se para o ombro direito. Assim, os sopros sistólicos são ouvidos melhor ao longo da borda esternal superior direita e se irradiam para o pescoço.SeiosEm virtude de sua posição central, a válvula aórtica e seus seios contactam as quatro câmaras cardíacas. Esta consideração é importante, quando se avaliam os aneurismas dos seios aórticos de origem congênita ou infecciosa.
- O seio aórtico direito limita-se contra o ápice ventricular septal e a banda ventricular parietal direita. É coberto em parte pelo apêndice atrial direito.- O seio aórtico esquerdo repousa contra a parede livre anterior do ventrículo esquerdo e uma parte do folheto mitral anterior. Limita a parede livre atrial esquerda e é coberto em parte pelo tronco pulmonar e pelo apêndice atrial esquerdo.
- O seio aórtico posterior encontra-se sobre o septo interventricular e uma parte do folheto anterior da mitral, formando parte do seio transversal, limitando o septo interatrial, e recuando ambas as paredes livres atriais, como a protuberância aórtica (torus aorticus).
Comparação das Valvas Semilunares
Ao longo do desenvolvimento fetal e da infância, as válvulas aórtica e pulmonar são virtualmente idênticas. Durante a infância, porém, pressões mais altas das cavidades esquerdas levam as cúspides aórticas a se espessarem e ficarem mais opacas que as cúspides pulmonares. Este processo continua ao longo de vida.
As dimensões anulares das válvulas aórtica e pulmonar são semelhantes desde o nascimento e durante as primeiras quatro décadas de vida. Além da idade de 40 anos, porém, a taxa de dilatação anular idade-relacionada é maior para a válvula aórtica do que para a válvula pulmonar.
Base do Coração
A base cardíaca é definida no plano do sulco atrioventricular (sulcus) e engloba as quatro válvulas cardíacas. Também contém o esqueleto cardíaco fibroso, que tem as seguintes funções:- soldar juntos os anéis valvulares (annuli);- fundir, mas também separar eletricamente os átrios e os ventrículos;- prover um substrato firme contra o qual os ventrículos possam-se contrair.
Esqueleto Cardíaco
A base do esqueleto cardíaco é a válvula aórtica de localização central, mas ele também contém os quatro anéis das válvulas e os seus anexos fibrosos intervalvulares (o direito, o esquerdo e o trígono fibroso intervalvular, bem como o ligamento do cone).- O trígono fibroso intervalvular está interposto entre a comissura aórtica posterior esquerda e o folheto mitral anterior.- Os trígonos fibrosos esquerdo e direito projetam-se de cada lado e se prendem ao remanescente do folheto mitral anterior.
Dado o seu posicionamento, estes trígonos fibrosos provêem o substrato anatômico para a continuidade valvular mitroaórtica direta. O septo membranoso, junto com o trígono fibroso direito, funde a comissura aórtica posterior direita com a comissura tricúspide ântero-septal. Assim, o trígono fibroso direito (também conhecido como corpo central fibroso) solda as válvulas aórtica, mitral e tricúspide, e forma o componente maior e mais forte do esqueleto cardíaco. Até mesmo na existência de uma comunicação interventricular membranosa, esta conexão é mantida, de forma que a região de continuidade mitral-tricuspídea forma a parede posterior do defeito.Próximo da comissura aórtica direita-esquerda, o ligamento do cone (conus) provê uma conexão diminuta entre a aórtica e as válvulas pulmonares.
Assim, cada comissura da válvula aórtica é fundida a uma das outras três válvulas: comissura posterior esquerda para a válvula mitral, comissura posterior direita para a válvula tricúspide e comissura direita-esquerda para a válvula pulmonar.
Orientação das Válvulas
Apesar de sua aparência em desenhos esquemáticos da base cardíaca, as quatro válvulas não se encontram no mesmo plano ou, até mesmo, em planos paralelos.- Por causa do entrelaçar das grandes artérias, as válvulas aórtica e pulmonar são inclinadas 60º para 90º, com os seus orifícios valvulares seu dirigidos para os ombros opostos.- As válvulas tricúspide e mitral são inclinadas 10º para 15º, de tal modo que os seus anéis se aproximam um ao outro ao nível do septo membranoso e se separam ao longo da parede inferior, uma vez que o seio coronário se interpõe entre elas.Estes ângulos podem variar um pouco durante o curso do ciclo cardíaco.
Grandes Artérias
Características GeraisAs grandes artérias são a aorta, as artérias pulmonares e a artéria ductal (ductus arteriosus). Considerando que a aorta e a artéria pulmonar constituem vasos elásticos, a artéria ductal tem uma aparência microscópica única que muda durante a vida fetal e neonatal.- No feto e no neonato, a aorta e as artérias pulmonares são semelhantes em espessura e no número de lâminas elásticas (laminae) dentro de suas camadas médias.- Durante vários meses iniciais de vida, e conseqüente à diminuição pós-natal na pressão e resistência da artéria pulmonar, as artérias pulmonares mediastinais atenuam-se e diminuem de espessura, e as suas lâminas elásticas tornam-se irregulares e fragmentadas.- Após o primeiro ano de vida, a espessura do tronco pulmonar é menos da metade da espessura da aorta ascendendo adjacente, sendo que os diâmetros destas duas grandes artérias permanecem semelhantes.
Artérias Pulmonares
O tronco pulmonar, ou artéria pulmonar principal, surge do ventrículo direito e segue à esquerda da aorta ascendente, na direção geral do ombro esquerdo. Ao se bifurcar, acontece o seguinte:- a artéria pulmonar esquerda continua como um arco liso e cursa acima do brônquio principal esquerdo;- a artéria pulmonar direita surge a um ângulo à direita e segue abaixo do arco aórtico e por trás da veia cava superior (vena cava).O tronco pulmonar e a artéria pulmonar esquerda contribuem para a borda esquerda da silhueta cardíaca radiológica frontal.Morfologia e Diferenças entre as Artérias PulmonaresComo as artérias pulmonares não exibem simetria bilateral de imagem especular, a relação espacial das artérias principal e lobares com os seus brônquios adjacentes difere entre os pulmões direito e esquerdo, e pode ser usada para determinar a morfologia pulmonar e sidedness

Circulação Pulmonar
A circulação pulmonar é freqüentemente chamada de “circulação central” ou “menor”. Dentro do pulmão humano:- as artérias pulmonares seguem com as vias aéreas correspondentes;- as veias pulmonares cursam no interior dos septos interlobulares (septa);- neste sistema de baixa-pressão e de baixa-resistência, artérias e veias normalmente apresentam as paredes delgadas;- em geral, as artérias pulmonares maiores de 1 mm em diâmetro são vasos elásticos; aquelas menores de 1 mm são artérias de resistência muscular. Como as arteríolas pulmonares normalmente contêm pouca musculatura na camada média, o termo resistência arteriolar é inexato.Diferenças Relacionadas com a IdadeDurante a vida fetal, há um estado de hipertensão pulmonar fisiológica devido à patência da artéria ductal e equalização das pressões aórtica e pulmonar. Como resultado, a espessura da camada média das artérias pulmonares (musculares) se assemelha à das artérias sistêmicas.Após o nascimento, como a artéria ductal se fecha e a pressão arterial pulmonar diminui, acontece a atenuação da musculatura lisa da camada média, tal que a relação de espessura da média para o diâmetro externo diminui de 20 a 25% em fetos para menos de 10% em infantes de três a seis meses de idade.Artérias BrônquicasAs artérias brônquicas que surgem da aorta descendente provêem a nutrição para as paredes vasculares brônquicas e pulmonares (veja a Fig. 2.8). Para as condições nas quais nenhuma relação direta existe entre o coração e as artérias pulmonares, em que a artéria ductal está ausente, o suprimento de sangue pulmonar normalmente se origina das artérias colaterais sistêmicas que constituem artérias bronquiais aumentadas.AortaEsta artéria elástica, a principal da circulação sistêmica, tem os seguintes papéis:- surge ao nível do anel da válvula aórtica;- termina a sua bifurcação nas artérias ilíacas comuns, em nível do umbigo e da quarta vértebra lombar;- pode ser dividida em quatro regiões distintas

Aorta Descendente
A aorta torácica descendente encontra-se adjacente ao átrio esquerdo, esôfago e coluna vertebral.- Os ramos póstero-laterais são as artérias intercostais emparelhadas.- Os ramos anteriores são o brônquico, esofágico, mediastinal, pericárdico e as artérias frênicas superiores.- As artérias brônquicas também podem surgir das artérias intercostais ou subclávias, ou, raramente, de uma artéria coronária.- As veias bronquiais drenam nas veias ázigos e hemiázigos, bem como nas veias pulmonares.Aorta AbdominalA aorta abdominal encontra-se à esquerda da linha média, adjacente à coluna vertebral e a veia cava inferior (vena cava).- Os ramos laterais principais são retroperitoneais: artérias renais, supra-renais, lombares e frênica inferior. Embora as artérias gonadais se originem mais anteriormente, elas também são retroperitoneais.- Todos os outros ramos que surgem anteriormente são artérias intraperitoneais que irrigam o sistema digestivo: artéria celíaca (com os seus ramos gástrico esquerdo, esplênico e ramos hepáticos) e as artérias mesentéricas superior e inferior.Distalmente, a aorta bifurca-se nas artérias ilíacas comuns e origina a artéria sacral mediana.Artéria Ductal (Ductus Arteriosus)Durante vida fetal, a artéria ductal faz o seguinte:- provê um caminho para comunicação entre as circulações pulmonares e sistêmicas;- interpõe-se entre a porção proximal da artéria pulmonar esquerda e a superfície inferior do arco aórtico;- é semelhante em diâmetro com a aorta torácica descendente;- é maior em diâmetro que a artéria pulmonar direita ou esquerda;- é o caminho pelo qual o sangue do ventrículo direito entra na aorta, evitando os pulmões.Dentro de 24 horas depois do nascimento e com a expansão dos pulmões, ocorre o que se segue:- a artéria ductal fecha-se funcionalmente;- ocorre a vasodilatação pulmonar;- todo o sangue do ventrículo direito segue para os pulmões.Mudanças GestacionaisAo longo da gestação, acontecem mudanças estruturais que preparam a artéria ductal para o seu rápido fechamento após o nascimento. Inicialmente, este vaso tem a aparência de uma artéria muscular, em contraste com as artérias elásticas, com as quais se conecta. Durante o terceiro trimestre, acontece o seguinte:- coxins fibroelásticos proliferativos na íntima tornam-se proeminentes;- o espessamento da camada média resulta da proliferação de músculo liso e da deposição de colágeno, elastina e glicosaminoglicanos (mucopolissacárides ácidos).Fechamento DuctalDurante a última parte do terceiro trimestre da gravidez, receptores nas células de músculo liso na média e íntima aumentam em número. Como resultado, a artéria ductal responde a um aumento pós-natal na tensão de oxigênio através de vasoconstrição. Não-surpreendentemente, o fechamento ductal é impedido em infantes prematuros e infantes nascidos em grandes altitudes.Os fatores, além da vasoconstrição, que contribuem para o fechamento ductal são:- necrose focal da camada média;- edema da camada média;- rompimento da lamina elástico interna;- trombose mural.Com tempo, a deposição de elastina dentro da parede arterial é marcante, e as áreas focais de calcificação são a regra.O fechamento da artéria ductal geralmente começa próximo da artéria pulmonar e progride para a aorta.- Se o fechamento é incompleto, um pequeno divertículo ductal permanece, surgindo caracteristicamente da superfície inferior do arco aórtico.- Raramente, aneurismas ductais, dissecções ou rupturas ocorrem. Circulação CoronáriaArtérias CoronáriasAs artérias coronárias surgem dos seus seios aórticos correspondentes. O seu óstio tende a ser elíptico e se origina a meio caminho entre as comissuras da válvula aórtica e cerca de dois terços da distância entre o anel e a junção sinotubular.- A artéria coronária direita origina-se quase perpendicularmente ao seio aórtico direito.- O tronco da artéria coronária esquerda surge em um ângulo agudo e segue paralelamente à sua parede do seio aórtico.São os seguintes os principais vasos que se encontram ao longo da superfície epicárdica do coração:- tronco da artéria coronária esquerda;- artéria coronária esquerda descendente anterior;- artéria coronária circunflexa;- artéria coronária direita;- uma artéria intermediária que se origina da trifurcação da artéria coronária esquerda principal em um terço dos indivíduos.Outros vasos são os seguintes:- ramos da artéria descendente anterior esquerda (diagonais);- ramos das artérias direita e circunflexa (marginais)

